quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ele é machão, mas tem bom coração


*** a Pauta***


Depois que o Big Brother Brasil acaba ficam as opiniões, as dúvidas e os questionamentos.
E foi ouvindo a conversa alheia em um coletivo paulistano que percebi o quanto as pessoas assistiam e torciam com esse programa. Mas, o que de fato, me serviu de pauta foi a empatia que muitos pareciam ter pelo estereótipo do vencedor dessa última edição. Mais especificamente a seguinte afirmação: “É claro que o Dourado ia ganhar, o povo brasileiro gosta de homem machão mesmo!”.




*** o Ponto***

Ele é machão, mas tem bom coração

“Ser ‘homem’, ser macho, ainda é, no plano simbólico, aquele que demonstra força, não só física, e quem tem uma objetividade que dispensa boa parte das emoções”. Foi, dessa forma, que a antropóloga Keila Pinezi, definiu o estereótipo de homem que ainda predomina na sociedade brasileira.

Porém, a última edição do programa Big Brother tentou confrontar nas telas a diversidade sexual e como a antropóloga também afirma: “A idéia é criar polêmica e colocar em xeque as diversidades, não exatamente para valorizá-las, mas para obter uma alta audiência com isso”. A audiência foi alcançada, afinal o programa não estaria na décima edição se não tivesse uma boa audiência. Mas não é apenas isso.

O programa Big Brother Brasil, segundo a historiadora social Ana Maria Dietrich, desempenha a função de termômetro social-cultural, onde as pessoas torciam por aqueles que – simbolicamente – as representavam.
Dessa maneira, percebemos a identificação de uma grande parcela dos telespectadores com o participante heterossexual e assumidamente “machão”, o que de acordo com a antropóloga é extremamente normal na América Latina, uma vez que o machismo ainda é muito comum por aqui. Porém, ambas entrevistadas se atentaram para as possíveis conseqüências de uma sociedade onde o machismo é fortemente difundido. “Isso [o machismo] tem impactos graves na sociedade como um alto índice de violência contra a mulher e o crescimento da aids, em especial entre mulheres casadas”, afirmou antropóloga.

Sendo assim, a homofobia está presente na sociedade brasileira, entretanto, há também um confronto constante entre identidades distintas, no caso a homo e a heterossexual. E o grande ponto dessa história é definido pela antropóloga Keila Pinezi: “A grande questão que se coloca é exatamente como os grupos majoritários e minoritários lidam com a diferença, com o outro. A diferença é saudável e deve ser mantida. O que precisa ser averiguado é em relação aos direitos e deveres do cidadão, seja lá qual for sua forma de viver a sexualidade”.

5 comentários:

  1. Ótimo post Xuxu! ;) Vou enviar para algumas pessoas com as quais sempre discuti o assunto. Vou confessar que não sou fã do programa, mas essa edição foi a que mais acompanhei. E aí eu lembrei do motivo de eu não ser muito fã: SEMPRE me irrito com o programa. haha... De verdade, o estereótipo (digo isso porque pra mim todos são personagens) do ganhador dessa edição me irritava completamente. E o PIOR não era só existir o Dourado, MAS sim as pessoas gostarem dele. rs Esse post só me confirmou uma coisa: a sociedade é machista e ponto.

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  2. Essa questão dos estereótipos é algo que me interessa muito e, penso eu que está mesmo presente em várias situações da nossa vida... Frequentemente fazemos usos de imagens e idéias cristalizadas para definirmos nacionalidades, identidades, pessoas, etc... E quando essas idéias cristalizads são também utilizadas pela mídia, ela sparecem ganhar uma dimensão ainda maior, parecem ser mais do que esterótipos e sim modelos de conduta, algumas vezes até regra, né?!

    Bom, no mais, parabéns Xuxu pelo Blog!

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  3. Lembrando que um participante homossexual já venceu uma edição... logo, se funciona como um termômetro da sociedade, será que mudou tanta coisa no perfil do Brasileiro em coisa de 3, 4 anos?
    Tema que dá pano pra manga! hehehe...
    Show, Xuxu! Parabéns pelo Blog!

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  4. ótima idéia do blog, xuxu!

    e começou com uma discussão beeeem bacana.

    este tipo de programa não é um formato nacional, mas tem sido adaptado para atingir uma parcela da população que não só assiste, mas participa, discute, "compra" e reproduz os elementos do formato. o mais interessante é que o big brother parece que se propõe a mostrar uma variedade X de pessoas como se fossem estereótipos - cada uma delas - de pessoas da sociedade (elemento identificação), e sempre com um oposto ou conflitante. é a garantia de que o programa vai pegar fogo, e a audiência também.

    então não é só o machão. é a barraqueira e a boazinha; o escrachado e o apaziguador; o duas caras e o espontâneo... e por aí vai.

    parabéns :]

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  5. Para mim esse big brother foi uma grande decepção com a identificação das pessoas, porque na etapa final não tinha ninguém que prestasse. Era uma Barbie, um Machão, uma Dissimulada e um Manipulável. As pessoas que eu considerava "gente" de verdade e que pensei que poderiam representar a população pela identificação acabaram saindo, como a Cacau, que podia ser bem quista pelos homens, mas também era "mulher de verdade", não ficava tentando conseguir tudo pelo choro pra se mostrar frágilzinha e nem era menininha cor-de-rosa.
    Mas tem uma coisa também, o Dourado conquistou uma torcida muito forte e fanática, que conseguia manipular o jogo da forma como queria.

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